Contents
- 1 Por que Os Sapos foi vaiado?
- 2 O que significa o poema Os Sapos?
- 3 Por que o poema Os Sapos causou indignação?
- 4 Qual a figura de linguagem do poema Os Sapos?
- 5 Como surgiu o poema Os Sapos?
- 6 O que aconteceu com Os Sapos?
- 7 Qual a metáfora do sapo?
Qual é a crítica do poema Os Sapos?
Análise do poema – Bandeira consegue em Os sapos reproduzir as características essenciais defendidas pelos parnasianos. Trata-se, portanto, de um poema que carrega métrica regular e preocupação com a sonoridade, imitações que neste caso estão a serviço da rejeição à poesia parnasiana.
O poema segue um esquema de rimas ABAB, sendo destoante apenas o último terceto. Em termos de estrutura, Os sapos é construído a partir de redondilhas menores. Os versos trabalham com a ironia e com a paródia a fim de despertar o público leitor para a necessidade de ruptura e transformação da poesia. Os versos de Manuel Bandeira são metalinguísticos porque falam da própria poesia, ou melhor, daquilo que a poesia não deveria ser.
Os sapos refletem sobre o que supostamente é a arte e o bom poema. O que o diálogo imaginário entre os sapos produz é um exercício de reflexão sobre as normas de composição dos versos. Os sapos mencionados (o boi, o tanoeiro, o pipa) são metáforas dos diferentes tipos de poetas,
O sapo-tanoeiro é um típico exemplar do poeta parnasiano, que destila as regras de composição: O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: – “Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Para ele, a grande poesia é como o ofício de um joalheiro, há que se lapidar com precisão e paciência: Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: – A grande arte é como Lavor de joalheiro.
O sapo-cururu, por sua vez, é uma representação do poeta modernista que aspira por liberdade e reivindica a simplicidade e o uso de uma linguagem cotidiana. Quando entra em cena, ele apresenta-se com uma opinião divergente se comparada a todos os outros sapos.
- Não se pode deixar de lembrar também a semelhança do nome escolhido para o sapo modernista com a cantiga de roda Sapo-cururu.
- Os últimos dois versos do poema de Bandeira recuperam os dois primeiros versos da composição popular: Sapo-cururu Da beira do rio Quando o sapo canta, Ó maninha, É que sente frio.
A mulher do sapo Deve estar lá dentro Fazendo rendinha, Ó maninha, Para o casamento Bandeira, através da paródia, critica a preocupação excessiva dos parnasianos com o aspecto formal da linguagem. Segundo o poeta e seus companheiros modernistas, esse estilo de poesia deveria ser ultrapassado.
- Outra característica importante do poema é a presença de fortes traços de humor,
- A própria circunstância instaurada – sapos refletindo sobre os estilos de poesia – já é por si só hilariante.
- Não por acaso Os sapos faz parte de um conjunto de criações que os modernistas batizaram de poema-piada,
- A criação de Bandeira foi tão essencial para os modernistas que Sérgio Buarque de Holanda chegou a definir Os sapos como o hino nacional do Modernismo.
Nas estrofes de Bandeira, contudo, vemos aquilo que o poema não deve ser, embora os novos rumos ainda não estejam propriamente sugeridos nos versos.
Por que Os Sapos foi vaiado?
4 episódios históricos que mostram rejeição à Semana de Arte de 1922 Mulheres foram protagonistas no modernismo. Da esquerda para a direita: Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Elsie Houston, Benjamin Péret e Eugênia Álvaro Moreyra. (Foto: Domínio público) Assim como outros eventos artísticos de vanguarda, a, em São Paulo, não foi bem-recebida pela naquela época.
- Durante as apresentações, foram vaiados pelo público e ridicularizados pela imprensa.
- Em música são ridículos, na poesia são malucos e na pintura são borradores de telas”, opinou o jornalista e crítico Oscar Guanabarino.
- Saiba mais O que mudou na arte brasileira 100 anos após a Semana de 1922 Semana de 22: 10 artistas para conhecer o movimento modernista no Brasil Conheça alguns dos episódios mais emblemáticos de rejeição ao evento: 1.
Em 1917, foi realizada a Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti, com obras que participariam da Semana de 22. A mostra foi duramente criticada por, Figura relevante da elite intelectual, ele escreveu o artigo Paranoia ou mistificação?, para o jornal O Estado de S. Monteiro Lobato (Foto: Public domain, via Wikimedia Commons) 2. Para uma apresentação musical durante a Semana, Heitor Villa-Lobos utilizou sapato em um pé e chinelo no outro. Na época, foi vaiado pelo público, que interpretou a postura como parte da manifestação modernista.
Depois, o artista afirmou que sintomas de gota o impediram de usar calçados iguais.3. Os Sapos, poema de, tornou-se um símbolo da Semana de 1922 por trazer críticas aos escritores parnasianos. O texto foi lido por Ronald de Carvalho durante o evento e o público reagiu com vaias. saiba mais De modernismo a astronomia: 7 livros que chegam às livrarias em fevereiro Quem foi Sylvia Plath e qual sua importância para a literatura 4.
Em 1948, demonstrou sua desaprovação à Semana de 22 em entrevista publicada na Revista do Globo : “Sempre achei aquilo uma tapeação desonesta. Salvo raríssimas exceções, os modernistas brasileiros eram uns cabotinos”. : 4 episódios históricos que mostram rejeição à Semana de Arte de 1922
Qual foi a reação da plateia ao Ronald de Carvalho declamar o poema Os Sapos de Manuel Bandeira?
Ronald de Carvalho ao declamar o poema Os Sapos, de Manuel Bandeira, leva o público à loucura, repetindo bravamente o refrão do texto que se assemelha ao coaxar dos sapos.
O que significa o poema Os Sapos?
Análise do poema “Os Sapos” O poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, escrito em 1918, e publicado em 1919. Foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922, evento que deu início ao Modernismo na Literatura e nas Artes no Brasil.
Na poesia, Manuel Bandeira joga com as palavras à maneira dos parnasianos, colocando pontos essenciais e características importantes defendidos e cultuados pelos parnasianos, a exemplo da sonoridade e métrica regular. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia. Para o crítico literário e escritor Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, a figura do poeta parnasiano, comparado a uma “máquina de fazer versos” no “Manifesto Antropófago” (1928) de Oswald de Andrade, foi ridicularizada e atacada em inúmeros artigos e poemas, como “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, recitado por Ronald de Carvalho na segunda noite da Semana de Arte Moderna.
Em oposição ao rigor gramatical e ao preciosismo lingüístico parnasianos, os poetas modernistas valorizaram a incorporação de gírias e de sintaxe irregular, e a aproximação da linguagem oral de vários segmentos da sociedade brasileira. Bandeira chama de sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, como os sonetos.
- Em “Os Sapos” ele também satirizou as reclamações dos poetas parnasianos e as comparou com o coaxar dos sapos num rio.
- Cada um desses poetas ele dá uma denominação diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia.
- Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma.
“Os sapos”, de Manuel Bandeira é composto por 14 quartetos isométricos, em versos de redondilha menor, com um ritmo que varia. Com rimas ricas e pobres, o poema está construído segundo o rigor formal adotado pelo Parnasianismo. O conteúdo do poema é essencialmente metalingüístico: na fala do sapo-tanoeiro aparece o fazer da poesia, apresenta-se a técnica da arte parnasiana e é possível observar a vitória da forma sobre o conteúdo.
- Os aspectos formais citados são o ritmo, o horror ao hiato, as rimas consoantes, a beleza formal.
- As demais estrofes podem ser divididas em duas ideias básicas: participação contraditória e duvidosa no diálogo sobre arte, do sapo-boi e dos sapos-pipas e a isenção do sapo-cururu como participante do diálogo.
Manuel Bandeira também utiliza a personificação, pois são atribuídas aos sapos qualidades e ações próprias do homem: “Berra o sapo-boi:/ Meu pai foi à guerra!” ou “O sapo-tanoeiro, / Parnasiano aguado,/ Diz: – Meu cancioneiro/ é bem martelado” ou ” Urra o sapo-boi:/ -‘Meu pai foi rei”- “Foi!'”.
O poema também é uma metáfora, pois não acontece a personificação de apenas um elemento, mas de todos os elementos que agem no poema, ou seja, os sapos. Eles substituem figurativamente os homens que trabalham com arte, com versos, com poesia, portanto, os poetas. Trata-se do diálogo de vários sapos que representa a classe dos poetas; estes comparados a sapos, cujo coaxar não tem beleza alguma, são automaticamente inferiorizados.
Por se tratar de uma crítica aos parnasianos, o poeta modernista faz uso de formas na composição do poema para atacar o movimento da arte pela arte. Chamar o sapo-tanoeiro de “parnasiano aguado”, com seu “cancioneiro bem martelado”, é dizer que o ritmo marcado do Parnasianismo é como o coaxar do sapo-tanoeiro (ferreiro).
Trata-se do desprezo irônico a esse ritmo. O poeta destaca ainda as virtudes poéticas parnasianas com termos rebuscados “Vede como primo”, seguido de uma expressão grosseira “Em comer hiatos”, com o verbo “comer” em lugar de “suprimir” estendendo a ideia de digerir a uma ocorrência estético-formal. Os sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: – “Meu pai foi à guerra!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”. O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: – “Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquüenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas” Urra o sapo-boi: – “Meu pai foi rei!”- “Foi!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: – A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo”. Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, – “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.
Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio Manuel Bandeira in “Estrela da Vida Inteira” Bibliografia ALMEIDA, Dayane Celestino de, Análise Semiótica do Poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira.
Cadernos de Semiótica Aplicada. Vol.5. Nº 2. Universidade de São Paulo, dezembro – 2007. BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira.43ª edição. São Paulo: Cultrix, 2006. GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons, Ritmos. Série Princípios.13ª edição. São Paulo: Ática, 2005.
Qual era o objetivo do poema Os Sapos?
Poema Os sapos de Manuel Bandeira: análise completa da obra Doutora em Estudos da Cultura O poema Os sapos é um clássico do escritor brasileiro Manuel Bandeira criado em 1918 e publicado em 1919 no livro Carnaval, Os versos fazem uma sátira ao movimento Parnasiano, que precedeu o Modernismo, e foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922.
Por que o poema Os Sapos causou indignação?
Publicado em: 22/04/2022 Semana de Arte Moderna Curiosidades sobre a arte moderna no Brasil em 1920, por Ana Luiza Pacheco e Isabelli Martins – Gazeta Sagrado Digital – Fotografia: Agatha Arentz A Semana da Arte Moderna, também conhecida como Semana de 22, foi uma manifestação artística e cultural que aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.
Considerada o início oficial do Modernismo no Brasil, teve como principal objetivo renovar o ambiente artístico-cultural e mostrar o que havia na escultura, na arquitetura, na música e na literatura brasileira no momento. Vários artistas como Anita Malfatti, Zina Aita, Di Cavalcanti e Heitor Villa-Lobos tiveram suas obras expostas no evento.
No saguão do Teatro, o festival da Semana de Arte Moderna incluiu a exposição de cerca de 100 obras e três sessões literárias e musicais noturnas. O evento foi inaugurado pela palestra do escritor Graça Aranha, seguido de apresentações musicais e exposições artísticas.
- No segundo dia, houve uma apresentação musical, a palestra do escritor e artista Menotti del Picchia e a leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.
- Nesse poema, havia uma crítica muito forte à poesia parnasiana, que é um tipo de escola literária, a qual tratava de assuntos científicos e positivistas, o que deixou o público indignado, respondendo com muitas vaias e burburinhos.
Ao longo da semana, essa indignação só aumentou. As obras e suas propostas contestadoras foram bem mal-recebidas. Apesar do fracasso e do estresse dos três dias de evento, ela se tornou um marco cultural para a arte brasileira e cumpriu seu papel de divulgação da arte moderna.
Qual a figura de linguagem do poema Os Sapos?
Esse percurso figurativo da poesia parnasiana é formado por meio de figuras como parnasiano aguado, cancioneiro bem martelado, comer os hiatos, termos cognatos, verso bom, frumento sem joio, consoantes de apoio, norma, forma, lavor de joalheiro, bem de estatuário, martelo.
Qual o tom predominante do poema Os Sapos?
No âmbito da semântica discursiva, ‘Os Sapos’ apresenta o tema da poética ou do ‘fazer poesia’ e é um texto predominantemente figurativo. Figuras como parnasiano, cancioneiro, rimas, verso, poesia e artes poéticas constituem o percurso figurativo do ‘fazer poesia’.
Como surgiu o poema Os Sapos?
‘Os Sapos’ é um poema escrito por Manuel Bandeira, em 1918, e publicado em 1919. Destaca-se em sua obra por ter sido declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922, evento de que Bandeira não participa, efetivamente.
O que aconteceu com Os Sapos?
Alto risco de extinção – Apesar de os sapos terem sobrevivido a várias mudanças climáticas e eventos de extinção em massa na Terra, algumas espécies de fato foram extintas. Em 2021, uma das poucas espécies de sapos remanescentes de uma antiga linhagem de anfíbios foi declarada provavelmente extinta, não tendo sido vista em 60 anos.
Um relatório da ONU de 2019 declarou que os sapos estão entre os amais atingidos pela crise da natureza. Via: The Conversation Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube ? Inscreva-se no nosso canal! Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.
Quem são Os Sapos?
Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura – CCHSA – UFPB
Os Anfíbios Os anfíbios (Amphibia) são animais que possuem duas fases distintas de vida, na água de forma similar aos peixes e depois de sofrerem uma verdadeira metamorfose na anatomia e fisiologia de seu corpo, passam a viver fora da água. Os primeiros anfíbios surgiram na Terra por volta de 350 milhões de anos atrás, foram os primeiros animais com coluna vertebral a andar e alguns eram grandes como crocodilos, mas evoluíram nas três ordens que hoje conhecemos: Anura (rãs, sapos e perecas), Caudata (salamandras e tritões) e Gymnophiona (cobras-cegas: animais parecidos com minhocas grandes que são encontrados em depósitos de vegetais em decomposição, brejos ou em cursos d’água).
Os anuros – rãs, sapos e pererecas, são os anfíbios vivos de maior êxito, com cerca de 4.500 espécies hoje conhecidas. Nos últimos anos pesquisadores vêm descobrindo mais de 50 espécies por ano. Os sapos e as rãs estão na terra há cerca de 190 milhões de anos.
- Estão presentes em quase todos os ambientes terrestres, da tundra ártica ao mais seco dos desertos, de mangues ao nível do mar ao planalto do Tibete, a 5.500 m de altitude e pesam de algumas gramas a alguns quilos.
- O desaparecimento de anfíbios do meio indica degradação ambiental, pois sua sobrevivência em meio poluído é comprometida.
: Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura – CCHSA – UFPB
Quem seriam Os Sapos do poema?
“Os Sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: – “Meu pai foi à guerra!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”. O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: – “Meu cancioneiro É bem martelado.
- Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
- O meu verso é bom Frumento sem joio.
- Faço rimas com Consoantes de apoio.
- Vai por cinquüenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma.
- Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas.” Urra o sapo-boi: – “Meu pai foi rei!”- “Foi!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: – A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo”. Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, – “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.
Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio. Os Sapos.”-Manuel Bandeira O poema “Os Sapos” foi escrito por Manuel Bandeira em 1918, mas ganhou importância quando foi lido durante a segunda noite da Semana de Arte Moderna, em 15 de fevereiro de 1922.
Neste poema, Manuel Bandeira faz, com sarcasmo (e uma boa dose de humor) uma crítica aos parnasianos. O Modernismo, movimento do qual o autor participava, era de forte oposição a essa escola, já que eles acreditavam que eles estavam atrasando o progresso da Literatura Brasileira, ao continuar na mesmice e na formalidade de sempre.
- Antes de iniciar a análise propriamente dita, observe que o poema de Manuel Bandeira é pentassílabo em redondilhas menores.
- Este estilo de poesia é o mais simples que há, a forma mais simples de compor as sílabas poéticas; atente para este fato, é um detalhe curioso que retomaremos lá na frente.
- Na primeira estrofe, vemos os sapos (que representam os poetas parnasianos) saindo das sombras para a luz, que os deslumbra.
Ou seja, os parnasianos saíram da obscuridade para a fama. Depois, na segunda estrofe, temos uma onomatopeia que faz alusão ao coaxar dos sapos, que seria a repetição do “Foi!” e “Não foi!”. Já na terceira estrofe, Manuel Bandeira decide fazer uma leve crítica à “arte perfeita” dos parnasianos.
- Leve, ha Na quarta estrofe, vemos que ele já abandona a ironia para falar de forma um pouquinho (só um pouquinho) mais direta, zombando do cuidado com que estes poetas faziam suas rimas; “e nunca rimo os termos cognatos”.
- Termos cognatos são aqueles em que as palavras possuem classe gramatical igual.
Os parnasianos evitavam fazer essas rimas, porque não são rimas ricas. A quinta, sexta e a sétima continuam a zoar (sim, a zoar, passou do limite de crítica) o estilo de escrita parnasiano. (Quase consigo ouvir os poetas rangendo os dentes ao ler esse poema.) As estrofes nove e dez também fazem crítica direta dessa vez não ao estilo, mas sim às bases do parnasianismo.
- Interessante é a 11ª estrofe, onde ele afirma que o sapo pipa, (que também é um parnasiano bandidjo, está claro) mal em si cabe.
- Podemos perceber que ele se refere ao orgulho dos poetas, que se inflam, mas o interessante é observar que Manuel Bandeira decidiu expor a obra ao público, que ainda apoiava os parnasianos, durante o segundo dia da Semana de Arte Moderna, mesmo sabendo de toda a confusão que ocorrera na noite anterior.
Por fim, nas últimas três estrofes, ele se refere a um determinado sapo cururu, que, com uma obra simples e sem aspirar à fama, está isolado à beira do rio, sem ter o reconhecimento do povo. E então eu lhe pergunto: Quem seria o sapo cururu, que simples e desconhecido, repousa na beira do rio, isolado pelos outros sapos? Lembre se de que a obra desse sapo é simples, como já havíamos mencionado antes, em algum lugar.
Como reagiu o público com a leitura do poema Os Sapos?
A leitura de Os sapos foi o ponto alto da segunda das três noites da Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922. Revoltado, o público reagiu com vaias, gritos e assobios.
Quantas estrofes tem o poema Os Sapos?
Deuses e sapos: uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira – Posfácio O presente texto visa fazer uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, analisando, para tanto, os aspectos formais do poema, o processo de escrita vinculado às ideias defendidas pelos escritores modernistas e as ideias sobre poesia e realidade que se podem depreender do poema.
Dentre as muitas bandeiras que o Modernismo defendeu, em sua primeira fase (1922-1930), destaca-se o combate às características estéticas tradicionais e conservadoras (cujo melhor exemplo era o Parnasianismo. Foi a chamada fase heróica do Modernismo brasileiro. Nessa perspectiva, o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, pode ser visto como uma paródia do poema “Profissão de fé”, de Olavo Bilac, na medida em que se distancia ideologicamente do proposto por esse texto literário, o que se evidencia desde a primeira estrofe do poema modernista, pois nela, os termos mitológicos são substituídos pela prosaica presença dos sapos, o que pode representar, metaforicamente, que aqueles que se julgam deuses, criaturas sublimes, que possuem “status” elevado, não passam de seres rebaixados, que vivem à margem dos rios, no brejo, em outras palavras, à margem da sociedade.
Em uma época que a sociedade estava passando por grandes transformações, crescente industrialização, que junto com o progresso acabava por trazer consequências desagradáveis, no final do século XIX e início do século XX, os poetas parnasianos cantavam a forma perfeita de produção poética, os campos, cultuavam a Antiguidade clássica, entre outros temas, todos à margem do contexto sociocultural da época.
- O poema de Bilac, que possui um cunho metalinguístico, apresenta uma linguagem excessivamente formal, presa às regras, à metrificação rígida, que apresenta-nos uma analogia entre o fazer poético e o lapidar de pedras preciosas, na qual a função do poeta seria semelhante à função de um ourives-joalheiro, como se pode observar em:
- Torce, aprimora, alteia, lima
- A frase; e, enfim,
- No verso de outro engasta a rima,
- Como um rubim.
- Manuel Bandeira, em seu poema, ao escrever versos em redondilha menor, isto é, versos de cinco sílabas, retoma o modelo de escrita parnasiana, em especial a do poema “Profissão de fé”, e subverte esse modelo apresentando uma irônica metalinguagem e visível intenção de satirizar os parnasianos,
No âmbito formal, “Os Sapos” é composto por 14 estrofes, treze quadras e um terceto, sendo que os versos são regulares, metrificados em redondilha menor. Esse poema possui o esquema de rimas ABAB, com exceção da oitava estrofe, que podem ser classificadas como rimas externas, cruzadas ou alternadas.
- Quanto a semelhança de letras, as rimas desse poema podem ser classificadas como rimas consoantes, como se pode observar em:
- O meu verso é bom
- Frumento sem joio.
- Faço rimas com
- Consoante de apoio
- Nessa estrofe, é possível perceber a semelhança entre as consoantes e as vogais entre palavras “bom” e “joio” e “bom” e “com”.
- No que concerne a classificação das rimas contidas em “Os sapos” ocorre uma mescla, há a presença de rimas ricas e pobres, embora a maior parte desse poema seja composta por rimas ricas.
- Na estrofe:
- Que soluças tu,
- Transido de frio,
- Sapo-cururu
- Da beira do rio
tem-se a presença de rimas ricas, pois as palavras constituintes das rimas “A” e “B” pertencem a categorias gramaticais diferente. No primeiro caso, as rimas “A”, são compostas pelos vocábulos “tu” e “cururu”, sendo o primeiro um pronome pessoal do caso reto e, o segundo, um substantivo, integrante da expressão “sapo-cururu” que é um substantivo composto.
- As rimas pobres, geralmente, aparecem nesse poema em meio às rimas ricas, em uma mesma estrofe. Fato esse que pode ser observado em:
- Vede como primo
- Em comer os hiatos!
- Que arte! E nunca rimo
- Os termos cognatos!
- Nessa estrofe, as rimas “A” são consideradas pobres, pois as palavras “primo” e “rimo” pertencem a mesma categoria gramatical, são substantivos, e as rimas “B”, compostas pelas palavras “hiatos” e “cognatos” são consideradas rimas ricas, porque a primeira é um substantivo masculino e a segunda é um adjetivo.
- A partir da presença desses dois tipos de rima, pode-se inferir que, metaforicamente, elas podem representar os dois estilos de época apresentados pelo poema: o Parnasianismo e o Modernismo.
Nessa perspectiva, as rimas ricas seriam o Parnasianismo, manifestação poética que primava pela métrica, privilegiava as rimas ricas, tinha um excessivo apego à forma, chegando, muitas vezes, a endeusá-la. No nono verso do poema, por exemplo, “o sapo tanoeiro” é entendido, por muitos críticos literários, como uma alusão à Olavo Bilac, um dos poetas brasileiros mais conhecidos pelo culto a forma, a palavra esnobe, a métrica rigorosa e à rima rica.
- Em contrapartida, as rimas pobres seriam o Modernismo, que tinha como uma de suas características a opção pela liberdade, seja de conteúdo seja de forma da poesia.
- Tal movimento pouco se importava se as rimas eram ricas ou pobres.
- Em muitos textos poéticos dessa época, o que se nota é a presença de versos livres, sem rimas, em um tom prosaico que exalta ” a delícia de poder sentir as coisas mais simples”, tônica do poema Belo Belo.
Pautado por esse propósito, em “Os sapos”, Bandeira retoma o modelo parnasiano de escrita para criticá-lo. Assim, ao referir-se, na quarta estrofe do poema, aos hiatos, o poeta efetivamente “come” a separação silábica dessa palavra “hiato”, transformando-a em ditongo ( o verso é de 5 sílabas: em-co-mer-os-hia/ ).
Ainda sobre a forma do poema é relevante ressaltar o uso de travessões em algumas estrofes, o que sugere um tom de diálogo, recurso discursivo usado nos textos em prosa, tom esse louvado pelos modernistas, o que dá ao poema uma roupagem de manifesto, que se constitui por meio da proposta do diálogo com o mundo, pois a linguagem funciona como uma mediadora da relação do homem com o mundo, estabelecendo, assim, uma relação entre poesia e realidade.
Essa mediação, feita pela palavra, segundo a estética modernista deve ocorrer para todas as instâncias da realidade, para todos os temas, inclusive os não universais, os mais simples. Em suma, os modernistas posicionavam-se como pessoas que estavam fartas do lirismo que não representa o homem.
Para eles, o lirismo deveria ser como a condição humana: livre. Assim, a poesia deve ser livre para retratar a realidade, não tomando para si a obrigação de ser “frumento sem joio”, ou seja, retoricamente perfeita. A perfeição poética se faz no contexto, na relação estabelecida entre o poeta e o leitor, mediada pelo texto.
Para Saussure, citado por Alfredo Bosi, em “O tempo e o Ser da poesia”, “a linguagem humana é pensamento-som”. Nessa perspectiva, em “Os sapos”, no verso trinta e um, “- ‘Não foi!’ – ‘Foi!’ – ‘Não foi!'” pode-se perceber a presença, a influência do som, pois sem quebrar a métrica, ( versos pentassílabos) as palavras sugerem uma onomatopéia, o coaxar dos sapos.
- Enfim, nas últimas duas estrofes do poema, ligadas por um encavalamento, situando-se no “Perau profundo”, isto é, no barranco ou falso caminho, o sapo cururu é o solitário poeta, que conclui o poema com palavras que evocam o cancioneiro popular.
- Bandeira, operando com a paródia, trabalha com materiais que ele mesmo desqualifica, isto é, os cacoetes parnasianos (formalismo exagerado) como observou Murilo Marcondes de Moura, que associa o poeta ao sapo cururu, pois “esse estar apartado e ser portador de uma palavra fraterna, estar esquivo mais próximo, é propriamente um lugar de eleição em Bandeira.” Atentando-nos, mais uma vez, para a questão da marginalidade, é possível inferir, que em questão de rigor estético, o Modernismo está à margem da estética parnasiana, mas quanto à representação da realidade, a estética Modernista é mais fiel, pois por mais que tentemos, não conseguimos moldar a realidade à nossa maneira, pelo contrário é ela quem nos molda ao seu “bel prazer”.
Um poema metricamente perfeito pode ter um valor estético inestimável, mas não seria muita pretensão pensar que a realidade é padronizada? Isso não seria ignorar a diversidade de formas de se expressar a realidade? Talvez precisemos de uma boa e eficaz chuva de sapos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS : FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos, São Paulo: Ática, 1985. MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. Volúpia constelada: uma leitura de Melhores Poemas de Manuel Bandeira. In: Cadernos de Literatura Comentada,
Belo Horizonte: Horta Grande, 2003. MAIA, João Domingues. Português: volume único, São Paulo: Parma, 2001. Série: Novo Ensino Médio. Sobre o autor : Cleonice Machado é mestranda em Literaturas de Língua Portuguesa, com ênfase em Literaturas Africanas. Acredita que isso seja informação demais.
Para o caso de não ser uma overdose de informações, é, também, apaixonada por Futebol e Política. Quando não está no Mineirão, assistindo aos jogos do Clube Atlético Mineiro, ou nas ruas, militando, é professora de Literatura. Mas, sem ingerir quantidades cavalares de café, “não sou nada, nunca serei nada.
Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Vocês a encontram no twitter como @cleoamachado : Deuses e sapos: uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira – Posfácio
Qual a metáfora do sapo?
Meu público amado: Não quero ter razão, quero ser feliZZZZ!!! Para ser feliz não pode ser agendado para amanhã. O simples fato de saber o por quê você vai se levantar amanhã cedinho, debaixo de chuva, frio ou sol faz você ser feliz no processo. A felicidade, dizem, não tem idade.
- Mas você com a idade que tem hoje e não importa quem seja, precisa saber que pode ser feliz :JÁ.
- Tudo o que não presta existe a nossa volta.
- Precisamos estar atentos(as).
- Mas o nosso foco é no POSITIVO.
- Retroalimentação do que é bom, útil e verdadeiro.
- Seja feliZZZZZZ!!! Se absolutamente não souber, me chame prá conversar! Sou feliz, sei por quê e como!!! “Se você puser um sapo numa panela, enchê-la com água e a colocar no fogo, vai perceber uma coisa interessante: o sapo se ajusta à temperatura da água, e permanece lá dentro.” E continuaria se ajustando, quanto mais subisse a temperatura.
Quando a água estivesse perto do ponto de fervura, e o sapo tentasse saltar para fora, não conseguiria, porque estaria muito cansado devido aos ajustes que teve que fazer. Alguns diriam que o que matou o sapo foi a água fervendo. O que o matou, na verdade, foi a sua incapacidade de decidir quando pular fora.
Pare de se ajustar à pessoas erradas, relacionamentos abusivos, amizades parasíticas, trabalhos fim-de-carreira e tantas situações que vivem te “esquentando”. Quando você já fez tudo o que pôde, e ainda tem que viver fazendo mais, você corre o risco de morrer tentando, e não alcançar, Aproveite pra encerrar e pular pra fora de tudo o que não te faz bem.
(conheci essa metáfora lendo a Quinta Disciplina de Peter Senge). Vai lá.
Qual é a obra mais famosa de Manuel Bandeira?
Manuel Bandeira nasceu em 1886 e morreu em 1968. Na juventude, sua saúde frágil, devido à tuberculose, levou o poeta a uma vida de insegurança em relação ao futuro. Não obstante, em 1917, ele publicou seu primeiro livro de poesia: A cinza das horas, O caráter sombrio dessa obra é vinculado a elementos autobiográficos, pois foi escrita durante o período em que o poeta lutava contra sua doença.
Apesar de iniciar sua carreira literária com poemas em que eram evidentes os traços da poesia parnasiana e simbolista, Bandeira fez parte da primeira geração modernista, Assim, em 1930, publicou o livro Libertinagem, em que as características desse estilo, como o uso de versos livres e a liberdade de criação e de linguagem, estavam presentes, além da temática do cotidiano,
Seus poemas mais famosos são Os sapos e Vou-me embora pra Pasárgada, Leia também: Oswald de Andrade – outro grande escritor da primeira fase modernista
Quantos versos tem o poema Os Sapos?
Deuses e sapos: uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira – Posfácio O presente texto visa fazer uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, analisando, para tanto, os aspectos formais do poema, o processo de escrita vinculado às ideias defendidas pelos escritores modernistas e as ideias sobre poesia e realidade que se podem depreender do poema.
Dentre as muitas bandeiras que o Modernismo defendeu, em sua primeira fase (1922-1930), destaca-se o combate às características estéticas tradicionais e conservadoras (cujo melhor exemplo era o Parnasianismo. Foi a chamada fase heróica do Modernismo brasileiro. Nessa perspectiva, o poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira, pode ser visto como uma paródia do poema “Profissão de fé”, de Olavo Bilac, na medida em que se distancia ideologicamente do proposto por esse texto literário, o que se evidencia desde a primeira estrofe do poema modernista, pois nela, os termos mitológicos são substituídos pela prosaica presença dos sapos, o que pode representar, metaforicamente, que aqueles que se julgam deuses, criaturas sublimes, que possuem “status” elevado, não passam de seres rebaixados, que vivem à margem dos rios, no brejo, em outras palavras, à margem da sociedade.
Em uma época que a sociedade estava passando por grandes transformações, crescente industrialização, que junto com o progresso acabava por trazer consequências desagradáveis, no final do século XIX e início do século XX, os poetas parnasianos cantavam a forma perfeita de produção poética, os campos, cultuavam a Antiguidade clássica, entre outros temas, todos à margem do contexto sociocultural da época.
- O poema de Bilac, que possui um cunho metalinguístico, apresenta uma linguagem excessivamente formal, presa às regras, à metrificação rígida, que apresenta-nos uma analogia entre o fazer poético e o lapidar de pedras preciosas, na qual a função do poeta seria semelhante à função de um ourives-joalheiro, como se pode observar em:
- Torce, aprimora, alteia, lima
- A frase; e, enfim,
- No verso de outro engasta a rima,
- Como um rubim.
- Manuel Bandeira, em seu poema, ao escrever versos em redondilha menor, isto é, versos de cinco sílabas, retoma o modelo de escrita parnasiana, em especial a do poema “Profissão de fé”, e subverte esse modelo apresentando uma irônica metalinguagem e visível intenção de satirizar os parnasianos,
No âmbito formal, “Os Sapos” é composto por 14 estrofes, treze quadras e um terceto, sendo que os versos são regulares, metrificados em redondilha menor. Esse poema possui o esquema de rimas ABAB, com exceção da oitava estrofe, que podem ser classificadas como rimas externas, cruzadas ou alternadas.
- Quanto a semelhança de letras, as rimas desse poema podem ser classificadas como rimas consoantes, como se pode observar em:
- O meu verso é bom
- Frumento sem joio.
- Faço rimas com
- Consoante de apoio
- Nessa estrofe, é possível perceber a semelhança entre as consoantes e as vogais entre palavras “bom” e “joio” e “bom” e “com”.
- No que concerne a classificação das rimas contidas em “Os sapos” ocorre uma mescla, há a presença de rimas ricas e pobres, embora a maior parte desse poema seja composta por rimas ricas.
- Na estrofe:
- Que soluças tu,
- Transido de frio,
- Sapo-cururu
- Da beira do rio
tem-se a presença de rimas ricas, pois as palavras constituintes das rimas “A” e “B” pertencem a categorias gramaticais diferente. No primeiro caso, as rimas “A”, são compostas pelos vocábulos “tu” e “cururu”, sendo o primeiro um pronome pessoal do caso reto e, o segundo, um substantivo, integrante da expressão “sapo-cururu” que é um substantivo composto.
- As rimas pobres, geralmente, aparecem nesse poema em meio às rimas ricas, em uma mesma estrofe. Fato esse que pode ser observado em:
- Vede como primo
- Em comer os hiatos!
- Que arte! E nunca rimo
- Os termos cognatos!
- Nessa estrofe, as rimas “A” são consideradas pobres, pois as palavras “primo” e “rimo” pertencem a mesma categoria gramatical, são substantivos, e as rimas “B”, compostas pelas palavras “hiatos” e “cognatos” são consideradas rimas ricas, porque a primeira é um substantivo masculino e a segunda é um adjetivo.
- A partir da presença desses dois tipos de rima, pode-se inferir que, metaforicamente, elas podem representar os dois estilos de época apresentados pelo poema: o Parnasianismo e o Modernismo.
Nessa perspectiva, as rimas ricas seriam o Parnasianismo, manifestação poética que primava pela métrica, privilegiava as rimas ricas, tinha um excessivo apego à forma, chegando, muitas vezes, a endeusá-la. No nono verso do poema, por exemplo, “o sapo tanoeiro” é entendido, por muitos críticos literários, como uma alusão à Olavo Bilac, um dos poetas brasileiros mais conhecidos pelo culto a forma, a palavra esnobe, a métrica rigorosa e à rima rica.
Em contrapartida, as rimas pobres seriam o Modernismo, que tinha como uma de suas características a opção pela liberdade, seja de conteúdo seja de forma da poesia. Tal movimento pouco se importava se as rimas eram ricas ou pobres. Em muitos textos poéticos dessa época, o que se nota é a presença de versos livres, sem rimas, em um tom prosaico que exalta ” a delícia de poder sentir as coisas mais simples”, tônica do poema Belo Belo.
Pautado por esse propósito, em “Os sapos”, Bandeira retoma o modelo parnasiano de escrita para criticá-lo. Assim, ao referir-se, na quarta estrofe do poema, aos hiatos, o poeta efetivamente “come” a separação silábica dessa palavra “hiato”, transformando-a em ditongo ( o verso é de 5 sílabas: em-co-mer-os-hia/ ).
Ainda sobre a forma do poema é relevante ressaltar o uso de travessões em algumas estrofes, o que sugere um tom de diálogo, recurso discursivo usado nos textos em prosa, tom esse louvado pelos modernistas, o que dá ao poema uma roupagem de manifesto, que se constitui por meio da proposta do diálogo com o mundo, pois a linguagem funciona como uma mediadora da relação do homem com o mundo, estabelecendo, assim, uma relação entre poesia e realidade.
Essa mediação, feita pela palavra, segundo a estética modernista deve ocorrer para todas as instâncias da realidade, para todos os temas, inclusive os não universais, os mais simples. Em suma, os modernistas posicionavam-se como pessoas que estavam fartas do lirismo que não representa o homem.
Para eles, o lirismo deveria ser como a condição humana: livre. Assim, a poesia deve ser livre para retratar a realidade, não tomando para si a obrigação de ser “frumento sem joio”, ou seja, retoricamente perfeita. A perfeição poética se faz no contexto, na relação estabelecida entre o poeta e o leitor, mediada pelo texto.
Para Saussure, citado por Alfredo Bosi, em “O tempo e o Ser da poesia”, “a linguagem humana é pensamento-som”. Nessa perspectiva, em “Os sapos”, no verso trinta e um, “- ‘Não foi!’ – ‘Foi!’ – ‘Não foi!'” pode-se perceber a presença, a influência do som, pois sem quebrar a métrica, ( versos pentassílabos) as palavras sugerem uma onomatopéia, o coaxar dos sapos.
- Enfim, nas últimas duas estrofes do poema, ligadas por um encavalamento, situando-se no “Perau profundo”, isto é, no barranco ou falso caminho, o sapo cururu é o solitário poeta, que conclui o poema com palavras que evocam o cancioneiro popular.
- Bandeira, operando com a paródia, trabalha com materiais que ele mesmo desqualifica, isto é, os cacoetes parnasianos (formalismo exagerado) como observou Murilo Marcondes de Moura, que associa o poeta ao sapo cururu, pois “esse estar apartado e ser portador de uma palavra fraterna, estar esquivo mais próximo, é propriamente um lugar de eleição em Bandeira.” Atentando-nos, mais uma vez, para a questão da marginalidade, é possível inferir, que em questão de rigor estético, o Modernismo está à margem da estética parnasiana, mas quanto à representação da realidade, a estética Modernista é mais fiel, pois por mais que tentemos, não conseguimos moldar a realidade à nossa maneira, pelo contrário é ela quem nos molda ao seu “bel prazer”.
Um poema metricamente perfeito pode ter um valor estético inestimável, mas não seria muita pretensão pensar que a realidade é padronizada? Isso não seria ignorar a diversidade de formas de se expressar a realidade? Talvez precisemos de uma boa e eficaz chuva de sapos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS : FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Aurélio, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos, São Paulo: Ática, 1985. MACIEL, Luiz Carlos Junqueira. Volúpia constelada: uma leitura de Melhores Poemas de Manuel Bandeira. In: Cadernos de Literatura Comentada,
Belo Horizonte: Horta Grande, 2003. MAIA, João Domingues. Português: volume único, São Paulo: Parma, 2001. Série: Novo Ensino Médio. Sobre o autor : Cleonice Machado é mestranda em Literaturas de Língua Portuguesa, com ênfase em Literaturas Africanas. Acredita que isso seja informação demais.
Para o caso de não ser uma overdose de informações, é, também, apaixonada por Futebol e Política. Quando não está no Mineirão, assistindo aos jogos do Clube Atlético Mineiro, ou nas ruas, militando, é professora de Literatura. Mas, sem ingerir quantidades cavalares de café, “não sou nada, nunca serei nada.
Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Vocês a encontram no twitter como @cleoamachado : Deuses e sapos: uma leitura do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira – Posfácio
Qual é a ideia central do poema de Manuel Bandeira?
Análise detalhada do poema Vou-me embora pra Pasárgada –
- O tema principal do poema de Manuel Bandeira é a vontade do personagem escapar para uma outra realidade.
- No poema Vou-me embora pra Pasárgada a fuga é no sentido da aventura, da independência, rumo à diversão sem limites e sem consequências.
- Pasárgada se tornou um símbolo da liberdade, do lugar onde se pode fazer tudo aquilo que se quer na vida real.
Esse impulso de ir embora não foi uma ideia registrada só por Bandeira, já outros escritores haviam explorado esse tema. Os escritores do romantismo, por exemplo, quando sofriam com um amor não correspondido, costumavam escapar para lugares distantes ou se refugiavam na ideia da morte para que evitassem sofrer das dores do coração.
Por que os sapos são importantes?
O grupo dos anuros é o grandes responsável pelo controle de pragas, insetos e até mesmo animais como os escorpiões. Um único sapo, por exemplo, pode se alimentar aos quilos de grande quantidade de insetos que se tornam abundantes em períodos de chuvas.
Qual é a maior crítica do poema Os Sapos?
Análise do poema “Os Sapos” O poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, escrito em 1918, e publicado em 1919. Foi declamado por Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna de 1922, evento que deu início ao Modernismo na Literatura e nas Artes no Brasil.
Na poesia, Manuel Bandeira joga com as palavras à maneira dos parnasianos, colocando pontos essenciais e características importantes defendidos e cultuados pelos parnasianos, a exemplo da sonoridade e métrica regular. Manuel Bandeira também fez uso de recursos como ironia, sarcasmo e paródia. Para o crítico literário e escritor Alfredo Bosi, na História Concisa da Literatura Brasileira, a figura do poeta parnasiano, comparado a uma “máquina de fazer versos” no “Manifesto Antropófago” (1928) de Oswald de Andrade, foi ridicularizada e atacada em inúmeros artigos e poemas, como “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, recitado por Ronald de Carvalho na segunda noite da Semana de Arte Moderna.
Em oposição ao rigor gramatical e ao preciosismo lingüístico parnasianos, os poetas modernistas valorizaram a incorporação de gírias e de sintaxe irregular, e a aproximação da linguagem oral de vários segmentos da sociedade brasileira. Bandeira chama de sapos os poetas parnasianos que somente aceitavam a poesia rimada, formal, como os sonetos.
- Em “Os Sapos” ele também satirizou as reclamações dos poetas parnasianos e as comparou com o coaxar dos sapos num rio.
- Cada um desses poetas ele dá uma denominação diferente: sapo-boi, sapo tanoeiro e aos menores chama de saparia.
- Também mostra algumas das regras que eles seguiam: comer hiatos, nunca rimar cognatos, dar importância à forma.
“Os sapos”, de Manuel Bandeira é composto por 14 quartetos isométricos, em versos de redondilha menor, com um ritmo que varia. Com rimas ricas e pobres, o poema está construído segundo o rigor formal adotado pelo Parnasianismo. O conteúdo do poema é essencialmente metalingüístico: na fala do sapo-tanoeiro aparece o fazer da poesia, apresenta-se a técnica da arte parnasiana e é possível observar a vitória da forma sobre o conteúdo.
- Os aspectos formais citados são o ritmo, o horror ao hiato, as rimas consoantes, a beleza formal.
- As demais estrofes podem ser divididas em duas ideias básicas: participação contraditória e duvidosa no diálogo sobre arte, do sapo-boi e dos sapos-pipas e a isenção do sapo-cururu como participante do diálogo.
Manuel Bandeira também utiliza a personificação, pois são atribuídas aos sapos qualidades e ações próprias do homem: “Berra o sapo-boi:/ Meu pai foi à guerra!” ou “O sapo-tanoeiro, / Parnasiano aguado,/ Diz: – Meu cancioneiro/ é bem martelado” ou ” Urra o sapo-boi:/ -‘Meu pai foi rei”- “Foi!'”.
- O poema também é uma metáfora, pois não acontece a personificação de apenas um elemento, mas de todos os elementos que agem no poema, ou seja, os sapos.
- Eles substituem figurativamente os homens que trabalham com arte, com versos, com poesia, portanto, os poetas.
- Trata-se do diálogo de vários sapos que representa a classe dos poetas; estes comparados a sapos, cujo coaxar não tem beleza alguma, são automaticamente inferiorizados.
Por se tratar de uma crítica aos parnasianos, o poeta modernista faz uso de formas na composição do poema para atacar o movimento da arte pela arte. Chamar o sapo-tanoeiro de “parnasiano aguado”, com seu “cancioneiro bem martelado”, é dizer que o ritmo marcado do Parnasianismo é como o coaxar do sapo-tanoeiro (ferreiro).
- Trata-se do desprezo irônico a esse ritmo.
- O poeta destaca ainda as virtudes poéticas parnasianas com termos rebuscados “Vede como primo”, seguido de uma expressão grosseira “Em comer hiatos”, com o verbo “comer” em lugar de “suprimir” estendendo a ideia de digerir a uma ocorrência estético-formal.
- Os sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: – “Meu pai foi à guerra!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”. O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: – “Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
- O meu verso é bom Frumento sem joio.
- Faço rimas com Consoantes de apoio.
- Vai por cinquüenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma.
- Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas” Urra o sapo-boi: – “Meu pai foi rei!”- “Foi!” – “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”.
Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: – A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo”. Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, – “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”.
Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio Manuel Bandeira in “Estrela da Vida Inteira” Bibliografia ALMEIDA, Dayane Celestino de, Análise Semiótica do Poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira.
Cadernos de Semiótica Aplicada. Vol.5. Nº 2. Universidade de São Paulo, dezembro – 2007. BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira.43ª edição. São Paulo: Cultrix, 2006. GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons, Ritmos. Série Princípios.13ª edição. São Paulo: Ática, 2005.
Qual a metáfora do sapo?
Meu público amado: Não quero ter razão, quero ser feliZZZZ!!! Para ser feliz não pode ser agendado para amanhã. O simples fato de saber o por quê você vai se levantar amanhã cedinho, debaixo de chuva, frio ou sol faz você ser feliz no processo. A felicidade, dizem, não tem idade.
Mas você com a idade que tem hoje e não importa quem seja, precisa saber que pode ser feliz :JÁ. Tudo o que não presta existe a nossa volta. Precisamos estar atentos(as). Mas o nosso foco é no POSITIVO. Retroalimentação do que é bom, útil e verdadeiro. Seja feliZZZZZZ!!! Se absolutamente não souber, me chame prá conversar! Sou feliz, sei por quê e como!!! “Se você puser um sapo numa panela, enchê-la com água e a colocar no fogo, vai perceber uma coisa interessante: o sapo se ajusta à temperatura da água, e permanece lá dentro.” E continuaria se ajustando, quanto mais subisse a temperatura.
Quando a água estivesse perto do ponto de fervura, e o sapo tentasse saltar para fora, não conseguiria, porque estaria muito cansado devido aos ajustes que teve que fazer. Alguns diriam que o que matou o sapo foi a água fervendo. O que o matou, na verdade, foi a sua incapacidade de decidir quando pular fora.
- Pare de se ajustar à pessoas erradas, relacionamentos abusivos, amizades parasíticas, trabalhos fim-de-carreira e tantas situações que vivem te “esquentando”.
- Quando você já fez tudo o que pôde, e ainda tem que viver fazendo mais, você corre o risco de morrer tentando, e não alcançar,
- Aproveite pra encerrar e pular pra fora de tudo o que não te faz bem.
(conheci essa metáfora lendo a Quinta Disciplina de Peter Senge). Vai lá.
Qual a figura de linguagem do poema Os Sapos?
Esse percurso figurativo da poesia parnasiana é formado por meio de figuras como parnasiano aguado, cancioneiro bem martelado, comer os hiatos, termos cognatos, verso bom, frumento sem joio, consoantes de apoio, norma, forma, lavor de joalheiro, bem de estatuário, martelo.
Qual é a característica básica desse movimento literário citado pelo sapo-tanoeiro?
O sapo-tanoeiro é uma sátira ao rigor formal dos poetas parnasianos. Tanoeiro é o construtor de barril, conotando o burilamento estético pretensioso e vazio do parnasianismo.