Contents
- 1 Qual a importância de Vidas Secas para a sociedade?
- 2 Qual é o tema central de Vidas Secas?
- 3 Qual a ideia principal de Vidas Secas?
- 4 Porque Fabiano matou a cachorra Baleia?
- 5 Qual o significado de Vidas Secas?
- 6 O que representa a cachorra Baleia?
- 7 O que representou a baleia na obra Vidas Secas?
- 8 Qual é o clímax de Vidas Secas?
O que retrata a obra Vidas Secas de Graciliano Ramos?
“Vidas Secas” denuncia o descaso social e a exploração humana E m dois breves parágrafos – os que abrem o primeiro capítulo, Mudança –, o alagoano Graciliano Ramos sintetiza Vidas Secas, Descreve o cenário e apresenta a saga da cachorra Baleia, da mãe Sinha Vitória, do pai Fabiano e de seus dois filhos, que, no decorrer da história, são chamados de “mais novo” e “mais velho”. Thiago Mio Salla – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas.
- Fazia horas que procuravam uma sombra.
- A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
- Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro.
O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. O primeiro capítulo de Vidas Secas, “Baleia”, que Graciliano Ramos escreveu em maio de 1937 – Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, Escrita em 1938, a narrativa que reflete a aridez do sertão abre uma janela para o leitor. O apuro estético do autor dá liberdade para quem quiser começar a história do final ou do meio ou pelas páginas que escolher.
- Cada um dos 13 capítulos tem o seu próprio enredo.
- A estética do romance não propõe fim nem começo.
- Assim, o escritor, entre os mais importantes da segunda fase modernista, desenha a vida do sertanejo em um círculo.
- Ou uma espiral.
- Como uma roda viva.
- Para refletir com o leitor empenhado nas leituras para o vestibular, o Jornal da USP entrevista Thiago Mio Salla, doutor em Letras e Ciências da Comunicação e professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.
“Para além das exigências da prova, a expectativa é de que o vestibulando se deixe fascinar pela beleza do texto de Graciliano, que, tal como um artesão meticuloso, vai esculpindo e colocando em sequência os quadros da vida de Fabiano, de Sinha Vitória, da cachorra Baleia, dos meninos”, observa Salla. Título do livro que o escritor alterou para Vidas Secas – Acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP, “Mais do que a seca causada pela inclemência da natureza, o que oprimiria Fabiano e sua família seriam as relações de dominação estabelecidas pelos próprios homens”, explica Salla.
- Por isso não se trata de um romance típico sobre a seca, mas sobre vidas secas.
- Vidas apresentadas em toda sua complexidade enquanto partes de um processo sistemático de exploração, humilhação e alienação.
- Em resumo, dessa mescla entre artesania da palavra e problematização de feridas tão vivas da realidade brasileira, o artista extrai sua força, que o engrandece e o coloca como um dos principais artistas de nossa literatura.” Thiago Mio Salla estuda a vida e obra de Graciliano Ramos há 15 anos.
Uma pesquisa realizada no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, que tem a guarda do acervo do escritor. Esse trabalho já resultou em seminários, exposições, artigos e diversos livros, entre eles Garranchos – Textos Inéditos de Graciliano Ramos (Record, 2012), Conversas, em parceria com Ieda Lebensztayn (Editora Record, 2014), doutora em Literatura Brasileira pela USP, e o recente Graciliano Ramos e a Cultura Política: Mediação Editorial e Construção do Sentido (Edusp). O livro aborda problemas vividos por uma família de retirantes, como a seca, a pobreza e a fome – Retirantes, 1944, de Candido Portinari/Coleção Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand O professor faz questão de apresentar a caixa com os manuscritos de Vidas Secas que está no IEB e à disposição dos pesquisadores.
- Aqui está o primeiro capítulo que ele escreveu: Baleia “, diz, apontando o texto original com a ortografia e a caligrafia do autor.
- Graciliano escreve: “A cachorra Baleia estava para morrer.
- Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas.”,
O livro, segundo o pesquisador, começou com Baleia, escrito em 4 de maio e publicado em O Jornal no dia 23 de maio de 1937. “O autor determinou que esse primeiro capítulo fosse o nono na sequência do romance”, explic a. O leitor pode perceber que as narrativas podem, de fato, ser lidas de modo independente.
- O pesquisador lembra que Rubem Braga clas sificou Vidas Secas como um “romance desmontável” ao relacionar o seu caráter fragmentário.
- O leitor pode optar por ler os capítulos de modo independente.
- No entanto, a ordem que o escritor organizou tem, segundo Salla, suas razões.
- O modo como Graciliano articula os capítulos confere unicidade ao todo.
Creio que perdem força se lidos em separado, sobretudo quando se cons idera o caráter a um só tempo caleidoscópico e cíclico da obra. Ou seja, a família foge da seca no início e ao final do livro.” As diversas capas de diferentes edições que foram lançadas – Divulgação, O utro manuscrito que o pesquisador destaca é a capa do livro que deveria ser intitulado como O Mundo Coberto de Penas, Um documento em que se pode observar o desenho da letra de Graciliano Ramos riscando e alterando para Vidas Secas, Graciliano Ramos – Foto: via Kurt Klagsbrunn/Wikimedia Commons Alé m disso, se optasse por O Mundo Coberto de Penas, trecho que trata da preparação da família para deixar a fazenda, realizaria uma leitura mais restrita da vida dos sertanejos, privilegiando tão somente as desgraças e o fatalismo inclemente das secas no sertão nordestino.
Por outro lado, ao optar por Vidas Secas, seu único título adjetivado, elegeu um nome cap az de englobar todas as narrativas e conferir unidade ao todo, realçando a arquitetura precisa e bem estruturada do conjunto.” O título escolhido, conforme esclareceu o próprio Graciliano Ramos, destaca a “existência miserável de trabalho, de l uta, sob o guante da natureza implacável e da injustiça humana”.
O pesquisador ressalta: ” Vidas Secas materializa muito bem aquilo que, na minha opinião, é o grande legado de Graciliano: a conjunção entre rigor formal, introspecção e problematização de diferentes temas de caráter social, tais como a miséria, a exploração, a humilhação, entre outros ingredientes que compõem um caldeirão de conflitos bem brasileiro, prestes a explodir”.
Por que as crianças não têm nome em Vidas Secas?
Podemos ver alguns traços dessa particularidade no filme Vidas Secas, a começar pelo fato de que os filhos de Sinha Vitória e Fabiano não possuem nomes próprios que o distinguem de outras crianças, justamente porque eles representam todas as crianças brasileiras, vítimas da seca e principalmente, do descaso do poder
Qual a importância de Vidas Secas para a sociedade?
Vidas Secas em Literatura Quando a narrativa começa, Fabiano e sua família, formada pela esposa Sinha Vitória, os filhos identificados apenas como Menino mais novo e Menino mais velho e a cachorrinha Baleia, caminham sob o escaldante sol do nordeste.
- Encontram uma casa abandonada e ali se abrigam, na expectativa da passagem do período de seca.
- A chuva chega, e com ela aparece o patrão, dono da terra, expulsando Fabiano do lugar.
- Para continuar na terra, o matuto se oferece para trabalhar como vaqueiro.
- Recebe roupas, animais de criação e alguns produtos para iniciar o serviço, instalando-se em definitivo na fazenda.
Os produtos consumidos pela família eram oferecidos no armazém do patrão, mas a preços abusivos. Por isso, Fabiano resolve ir comprar algumas coisas na cidade mais próxima. Um militar, o Soldado Amarelo, o convida para jogar baralho. Os dois se dão mal no jogo e o policial desconta em Fabiano, prendendo-o.
Ao voltar para casa, encara o mau humor de Sinha Vitória, inconformada com sua atitude. A família conhece alguns momentos de alegria e de felicidade limitada. Isso se dá, por exemplo, quando o inverno chega trazendo a chuva. No entanto, a ameaça da cheia causa apreensão em Sinha Vitória. Também se dirigem à cidade para uma ocasião festiva, mas não se sentem à vontade ali.
A revolta que Fabiano sente no lugar se repete em outros momentos, mas ele sempre se vê diante da necessidade de conter sua fúria. Quando desconfia de erros no seu pagamento, por exemplo, reclama com o patrão em termos que provocam sua demissão. Arrepende-se das coisas ditas, pede desculpas e recupera sua colocação.
Em outro momento, reencontra o Soldado Amarelo, que se perdera no campo, e vê a oportunidade de vingar-se da prisão injusta. No entanto, acaba por reconhecer no policial uma autoridade que deve ser respeitada e mais uma vez contém sua revolta. As aves de arribação que cortam os céus em certa ocasião funcionam como prenúncios da seca, que está de volta.
A família se prepara para nova fuga. Fazem-no de madrugada, tanto para aproveitar a temperatura mais amena, quanto para escapar de uma eventual perseguição do patrão. Assim, terminam sua história exatamente como a haviam começado: fugindo da seca. Sobre o autor Graciliano Ramos é o principal ficcionista da literatura brasileira da década de 1930, que se caracterizou pela temática social, focalizando, entre outros, aspectos concernentes ao Nordeste brasileiro, como a seca, o coronelismo e a exploração.
- Essa tendência recebeu o nome de neorealismo nordestino.
- Ao mesmo tempo, os autores da época continuaram a proposta modernista de uma literatura de resgate da linguagem coloquial.
- Importância do livro O romance Vidas Secas, publicado em 1938, consegue a proeza de apresentar de maneira sintética uma visão da sociedade brasileira em seus níveis mais profundos.
Há a dimensão social da exploração e da opressão política. Há a dimensão psicológica da repressão, fazendo surgir indivíduos marcados pela introspecção. E há, por fim, a dimensão natural da seca, flagelo nordestino. Período A narrativa se relaciona a um período particularmente complicado da política brasileira e mundial.
No Brasil, estava em vigor a ditadura Vargas, enquanto a Europa vivia as tensões que resultariam na eclosão da 2ª Guerra Mundial. O título do romance de Graciliano antecipa alguns de seus aspectos essenciais. De fato, “vidas” remete aos indivíduos cujas existências serão focalizadas na narrativa, “secas” tanto aponta para a condição natural quanto para a falta de perspectiva das personagens.
O narrador em 3ª pessoa explora o monólogo interior para expor ao leitor os pensamentos das personagens que, de outra forma, não se abrem para o mundo. Esse isolamento dos membros da família é reproduzido na própria estrutura do romance, que é dividido em capítulos relativamente independentes.
- Alguns deles trazem em seus títulos os nomes das personagens, que são, então, apresentadas de forma mais aprofundada.
- Dessa forma, a narrativa apresenta os desejos mais íntimos de Fabiano e de sua família.
- O vaqueiro gostaria de ter mais desenvolvida a faculdade de expressão para se comunicar com os outros.
Sinha Vitória almeja uma cama de couro, símbolo de certa abastança e de fim da vida nômade. O Menino mais novo deseja ser igual ao pai, enquanto seu irmão se vê às voltas com os mistérios das palavras. Também a cachorra Baleia merece seu capítulo, aquele que narra sua morte, momento em que ela pensa em um mundo de comida abundante que acabasse com a carência da família.
- Os capítulos independentes mostram ainda a dificuldade de comunicação das personagens, sobreviventes que pouco se abrem a expansões sentimentais.
- Para reproduzir na linguagem a mesma secura, o narrador utiliza poucos adjetivos.
- As festas e os períodos de chuva mantém a apreensão sofrida de todos, demonstrando que, se a seca é um problema, não é o único.
Essa circunstância sugere que Fabiano e sua família, mais do que oprimidos pelo meio ambiente, são colocados como vítimas de mecanismos sociais opressivos, representados pelo patrão e pelo Soldado Amarelo. Ao longo de toda a narrativa, Fabiano oscila entre a condição de homem e a de animal.
- No final, quando mantém a capacidade de sonhar, imaginando uma vida melhor no futuro, parece demonstrar que o que há nele de humano supera a tendência à animalização que a opressão insiste em lhe impor.
- Fabiano: nordestino retirante, é explorado pelo patrão e tenta sempre conter a raiva para não perder o emprego.
– Baleia: cachorra da família, é muito querida pelas crianças. Pensa como gente e sofre com as dificuldades da seca e da falta de comida. – Sinha Vitória: esposa de Fabiano, tenta evitar que o marido caia nas mentiras dos trapaceiros. É esperta e sabe fazer contas.
– Tomás da Bolandeira: amigo de Fabiano, aparece apenas em suas lembranças. – Patrão: dono da fazenda onde Fabiano se instala com sua família, é desonesto e explora os funcionários. – Soldado Amarelo: militar que convida Fabiano para jogar cartas e acaba prendendo o vaqueiro.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os, denuncie. Leia as para saber o que é impróprio ou ilegal.
Elias Costa sensacional, ajudará-me muito no vestibular Giovanni Nunes É um livro meio confuso, mas humanizar a baleia, fazendo que ela seja uma das personagens mais “inteligentes”, foi sim uma grande ideia. Ruim foi que o Fabiano era meio que bebum e perdia muito dinheiro em jogos. O final já era meio previsto, pois eles não se sentiam a vontade na cidade e sempre voltavam pro sertão, onde a seca dominava. O livro em geral é bom, apesar das partes confusas, é um bom livro para se fazer trabalhos escolares.
Elias Costa sensacional, ajudará-me muito no vestibular Giovanni Nunes É um livro meio confuso, mas humanizar a baleia, fazendo que ela seja uma das personagens mais “inteligentes”, foi sim uma grande ideia. Ruim foi que o Fabiano era meio que bebum e perdia muito dinheiro em jogos. O final já era meio previsto, pois eles não se sentiam a vontade na cidade e sempre voltavam pro sertão, onde a seca dominava. O livro em geral é bom, apesar das partes confusas, é um bom livro para se fazer trabalhos escolares.
: Vidas Secas em Literatura
Qual a crítica da obra Vidas Secas?
Um mundo que vive entre a esperança e a desesperança. Esta é uma das possíveis sínteses para Vidas Secas, romance do alagoano Graciliano Ramos, publicado em 1938. Riachos secos, sol abrasivo, animais mortos pelo caminho que também traz um extenso rastro de sede e fome.
Ponto alto do que os estudos literários chamaram de romance de 30, a quarta publicação do escritor, veiculado pela José Olympio na época, inicialmente possuía o título Um Mundo Coberto de Penas, mas por orientação dos editores, ganhou o formidável título que o conhecemos: Vidas Secas, relato de uma família em travessia pelo sertão nordestino, a enfrentar problemas diversos, dentre eles, a condição climática e os entraves das relações de poder que regem a sociedade, em especial, o poder econômico e as forças do Estado.
Sem deixar o discurso político beirar ao panfleto, Graciliano Ramos retrata uma trama repleta de personagens constantemente em negação, submissos aos obstáculos de ordem física e social. Num espaço social onde impera a imposição arbitrária e as relações de trabalho são baseadas na obediência e na dominação de alguns poucos sobre outros muitos, o romance desenvolve uma história que flerta com o sistema de dominação do patriarcado, com a reprodução do esquema latifundiário onde o homem do campo não é inserido no processo de reivindicação de seus direitos, tampouco tem consciência dos seus direitos.
- Alijado da participação política, vive em condições análogas ao escravo, ou até mesmo, num sistema que perpetua algumas práticas feudais.
- Vidas Secas permite um excelente estudo contextual do Brasil e da situação política na década de 1930, sem necessariamente ser interessante por seus aspectos temáticos.
Esteticamente, o romance é uma pérola da nossa literatura. Em seus elementos estruturais, a obra-prima de Graciliano Ramos é uma obra conhecida por sua montagem que permite o agrupamento de histórias que funcionam também separadamente. O primeiro capítulo, “Mudança”, retrata a vida miserável da família, em fuga por conta da seca.
É o preâmbulo do romance, espaço onde o escritor expõe a paisagem e nos faz mergulhar no angustiante território abrasivo do sertão. “Fabiano”, segundo capítulo, é uma análise pormenorizada do embrutecido personagem central da família, o pai que luta para prover comida e moradia para os seus filhos, animais e esposa.
O vaqueiro trabalhador do sertão é delineado e surge como abertura de espaço para que possamos compreender bem “Cadeia”, terceiro momento do romance, trecho significativo onde a figura do Soldado Amarelo surge para reforçar as tenebrosas artimanhas do poder estatal que interligam algumas ações ao longo da odisseia deste grupo de pessoas apequenadas pela sociedade opressora e pela situação de miserabilidade.
- Sinhá Vitória” é o quarto capítulo, tão microscópico quanto o segundo, pois faz a mesma análise de um personagem e ao mergulhar em suas instâncias físicas e psicológicas, reforça a importância da matriarca da família para o desenvolvimento da narrativa.
- Ela é tratada como sábia e em muitos momentos, deixa bem delineada a sua insatisfação diante das circunstâncias.
Ela não aceita a pobreza e a miséria com naturalidade ou como missão de vida, ao contrário, é quem guarda esperanças de um mundo melhor e deseja uma cama de couro onde possa dormir confortavelmente. Os dois capítulos seguintes levam os nomes do “Menino Mais Novo” e do “Menino Mais Velho”: enquanto um tem interesse em seguir o destino do pai, ser um homem do sertão (o mais novo), o outro se detém em compreender os significados das palavras.
- O sétimo capítulo é o oposto do que se espera até então.
- Em “Inverno”, a natureza também castiga os personagens, pois em contraposição ao estado de seca frequente, chove tanto ao ponto de quase inundar a casa onde a família está temporariamente.
- Apesar de ser um momento mais ameno, os familiares no fundo sabem que é apenas passageiro e que uma forte seca está para se estabelecer.
No desenvolvimento de “Festa”, um dos momentos mais densos do romance, a família entra em contato com pessoas na festa natalina da cidade, algo que desperta a terrível sensação de complexo de inferioridade, haja vista os transeuntes do local, pessoas aparentemente mais abastadas, mais felizes e satisfeitas.
Sentindo-se humilhados, eles observam todos ao redor e sentem-se menores. O tom melancólico do capítulo é apenas a previsão do que vem a seguir, em “Baleia”, um dos mais fortes momentos de Vidas Secas, Repleta de chagas e com a morte praticamente anunciada, somos mergulhados no trágico fim da cadela, um dos personagens mais profundos da literatura brasileira.
No décimo capítulo, “Contas”, Sinhá Vitória revela-se esperta, ao perceber que o dono da fazenda não está acertando os cálculos adequadamente, pois este se aproveita da falta de escolaridade de Fabiano para passar-lhe a perna. Cabisbaixo e ciente da sua falta de força diante de uma das instâncias de poder que o oprime, Fabiano conclui que é um renegado e tem um relativo momento para se vangloriar no capítulo seguinte, “O Soldado Amarelo”, momento em que Graciliano Ramos discorre sobre o personagem que representa o autoritarismo militar, mas que nesta passagem, encontra-se em desvantagem, pois está situado no espaço de Fabiano, em plena caatinga.
- Em “O Mundo Cheio de Penas”, penúltimo capítulo, a família sente a presença cada vez mais próxima da seca.
- É o momento para refletir sobre a condição e seguir adiante.
- Preparados para se retirarem mais uma vez, Fabiano e Sinhá Vitória, ambos conscientes das condições, preparam as coisas para “Fuga”, desfecho cíclico da narrativa, capítulo que radiografa a situação da família e revela o amargo regresso ao sertão em busca de outros meios de sobrevivência.
Através de frases curtas e incisivas, Vidas Secas é um livro estuário dos brasileiros, considerado por muitos como desmontável, pois Graciliano Ramos escreveu os capítulos como contos que ao se agruparem, ganham a estrutura do gênero romance. Outro destaque da obra é a construção de seus personagens.
Fabiano, Sinhá Vitória, os meninos, Baleia e o papagaio, o fazendeiro e o soldado amarelo: juntos, tais personagens constroem um painel ilustrativo das ideias do Manifesto Regionalista, de Gilberto Freyre, mas alcançando, como nenhum outro romance de 30, um apuro político e estético que o posiciona confortavelmente em primeiro lugar no ranking das obras-primas da literatura brasileira do século XX.
Levado ao cinema por Nelson Pereira dos Santos na década de 1960, Vidas Secas infelizmente retrata uma realidade que para os brasileiros, continuará sendo atual até que as nossas condições políticas e sociais ganhem novos contornos. A prosa concisa e eficaz de Graciliano Ramos também se fez presente no suporte HQ, numa eficiente adaptação de Eloar Guazzelli, na montagem teatral pela Cia Caravan Maschera, além de ter um extenso legado de referências, entre pastiches e releituras, em nossa música, pintura, televisão e até mesmo outras obras literárias que a emulam.
Qual é o tema central de Vidas Secas?
O romance conta a história de uma família de retirantes do sertão brasileiro.
Qual a ideia principal de Vidas Secas?
Resumo Completo – Vidas Secas é um profundo retrato da sociedade brasileira, sobretudo de seus problemas sociais. Dessa forma, Graciliano traça uma crítica social retratando as dificuldades encontradas por uma família pobre de retirantes. Eles têm de conviver constantemente com a miséria e a seca que assola o sertão nordestino.
Fabiano e Sinhá Vitória é um casal simples que possuem dois filhos: o mais novo e o mais velho. Dos filhos, nenhum nome é mencionado durante toda a estória. Mesmo convivendo constantemente com a miséria, eles são crianças que possuem sonhos. O mais velho é muito curioso, e o mais novo anseia por fazer algo importante, para que todos fiquem orgulhosos dele.
A Baleia é a cadela que curiosamente tem um nome, e faz referência a um animal aquático, ou seja, uma baleia, em contraste com a seca. Ela é muito adorada pelos meninos e no decorrer da história adoece e por fim, morre. Interessante notar que a baleia é considerada um ser humano.
- Vale lembrar que a obra muitas vezes não possui diálogos.
- Fabiano, deveras ignorante, tem dificuldade de se expressar e prefere ficar quieto.
- Sua mulher, Sinhá Vitória, é uma lutadora que busca melhorar a situação, sendo menos ignorante que seu marido, que a admira muito.
- Quando a família encontra um lugar para descansar do sol escaldante, se deparam com o dono da terra, que será o patrão de Fabiano.
Ele permanece no local com sua família, trabalhado como vaqueiro na fazenda. Fabiano é preso injustamente pelo soldado amarelo, momento em que reflete sobre sua vida e sua condição. O romance é repleto de pequenas felicidades dentro da família de retirantes.
No entanto, os problemas sociais e animalização das personagens permeiam toda obra. Além disso, o sonho do sofrimento acabar, permanece em todos, na esperança de encontrar melhores oportunidades. Note que o último capítulo “Fuga” aponta que a seca vem novamente assolar a região, com o verão que se aproxima.
Assim, se inicia uma nova fuga sendo a mesma do início: a fuga da seca.
O que podemos aprender com Vidas Secas?
7) Oportunidades para as mulheres do Semiárido – Sinha Vitória migra com a família pela Caatinga. Fonte: Filme “Vidas Secas”. Sinha Vitória, protagonista de Vidas Secas, utilizava várias estratégias para sobreviver à opressão e à miséria a que estava submetida com a família. Em um contexto predominantemente patriarcal e coronelístico, ela tomava decisões para reverter aquela realidade na qual viviam. Sinha Vitoria era quem fazia as contas da partilha dos bezerros e cabritos, antes de Fabiano ir tratar do assunto com o patrão. As contas do “dono da fazenda” eram diferentes e contra o vaqueiro. Mas Fabiano sabia que sinha Vitória estava certa, mas resignava-se diante do patrão, ao ser ameaçado de despejo. >> Leia também: Mulheres da seca – uma nova economia na Caatinga? Uma mulher forte, movida pelo sonho de possuir uma cama de lastro de couro, e não mais dormir no desconforto de uma cama de varas. Esse sonho era bem mais amplo. A metáfora significava a possibilidade de permanecer fixa à terra com a família. Conquistar a cama, objeto de desejo de sinha Vitória, era ascender para uma condição de estabilidade, de segurança, de descanso, da vontade de não mais necessitarem migrar, Seria o fim daquela caminhada infrutífera sempre por terra alheia. No seu sonho, não cabia só a cama de lastro de couro, mas uma vida melhor para seus filhos, quiçá em outro lugar, com escola e outras oportunidades para eles e para os filhos. Essas são as principais lições deixadas pelo romance Vidas Secas, para um Semiárido mais justo, com menos vulnerabilidade social. E você, quais outras lições destacaria da obra Vidas Secas? Seja um colaborador. Quando você faz uma doação de qualquer valor, sua contribuição se transforma em difusão de conhecimentos científicos relevantes, em benefício da sociedade brasileira. *Post atualizado em: 07.08.2020, às 14h40.
Porque Fabiano matou a cachorra Baleia?
Personagens Principais –
Fabiano: Vaqueiro bruto e trabalhador que comanda a retirada de sua família durante a época da seca. Tem dificuldades com pensamento lógico e de comunicação, o que faz com que ele tenha medo de que outras pessoas se aproveitem de sua ignorância. Sinhá Vitória: É uma mulher forte, esperta e guerreira, esposa de Fabiano. Não aceita a condição ruim em que eles vivem e sempre sonha com uma situação melhor, com coisas materiais que gostaria de ter. Menino mais velho: É o filho mais velho do casal, que tem muito interesse pelo significado das palavras e que tenta entender como o mundo funciona. Menino mais novo: É o filho mais novo do casal, que quer ser um vaqueiro como o pai. Baleia: É a cachorra da família, que é apresentada de forma mais humanizada do que os próprios humanos da história. Acaba morrendo no final da narrativa, sacrificada por Fabiano porque estava doente. É uma das personagens mais importantes de “Vidas Secas”. Papagaio: Viaja com a família, mas acaba sendo comido quando todos estavam passando fome. Soldado Amarelo: Prende Fabiano quando este arruma uma briga. É uma representação do poder militar. Dono da Fazenda: Representa o poder econômico. Ele se aproveita de Fabiano e de sua ignorância para lucrar em cima dele.
Exercício de fixação FUVEST Leia o trecho para responder ao teste. “Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças.
- A verdade é que não queria afastar-se da fazenda.
- A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela.
- Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido.
- Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se.
Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão.
Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos.” ( Vidas secas, Graciliano Ramos) Assinale a alternativa incorreta: A O trecho pode ser compreendido como suspensão temporária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena “congelada”, que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.
B Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão. C A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.
D A expressão “coisas alheias” reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica. E As referências a “enterro” e “cemitério” radicalizam a caracterização das “vidas secas” do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.
Prepare-se para o Enem com a Quero Bolsa! Receba conteúdos e notícias sobre o exame diretamente no seu e-mail
Qual o significado de Vidas Secas?
Vidas Secas retrata a vida de pessoas que vivem no sertão brasileiro e o sacrifício delas para sobreviver.
Quem matou o papagaio de Vidas Secas?
Nova pagina 5 Baleia, gente e bicho em Vidas Secas Maria Fernanda Rodrigues de Lima Talvez pudéssemos dizer que no filme Vidas Secas existe uma confusão entre homens e animais. As personagens humanas são apresentadas de uma maneira rude, áspera, quem sabe combinando com o ambiente da seca, ambiente esse que parece sugar a humanidade dessas pessoas e que as obriga a viver em uma constante luta pela vida.
- Algo muito próximo ao que acontece na vida animal.
- Talvez também por isso Sinhá Vitória se questione: “será que nunca haveremos de ser gente?”.
- Já o que acontece com a cadela Baleia é diferente, ela pode ser considerada a personagem mais humana da história.
- Logo no início percebemos isso quando ela é a primeira personagem a ser apresentada na tela, quando vemos que ela tem um nome enquanto os filhos de Fabiano não, o que os aproxima muito de personagens alegóricos.
Ainda quando o filme começa, é Baleia quem parece conduzi-los na procura por um lugar melhor para a dura travessia que estão enfrentando na condição de retirantes. Quando, por duas vezes, o menino mais velho cai, é ela quem avisa ao pai e quem parece chamá-lo como se quisesse apressá-lo, pois o caminho ainda é longo.
A cachorra também é o mimo da família e é a única que recebe o carinho de todos, sendo tratada como uma igual. Um exemplo disso é a cena em que o patrão pergunta a Fabiano se aquela era sua família e ele logo se lembra de incluir Baleia em sua resposta. Num outro exemplo, a família está na Vila mas Sinha Vitória e os meninos não conseguem encontrar nem Baleia e nem Fabiano e as crianças perguntam insistentemente pela cachorra, embora não indaguem pelo pai.
Apesar de central, Baleia não é o único animal a ocupar uma posição importante nesta narrativa, a presença dos bois também circunda constantemente o filme. São eles que recebem o maior cuidado quando o assunto é nutrição e a preocupação de Fabiano em mantê-los saudáveis é mostrada em algumas cenas.
Em uma dessas cenas, Fabiano atira nos pássaros que bebem a água empoçada que seria destinada aos bois e, por fim, são eles, o bois, que são levados pelo patrão em busca de um lugar onde possam sobreviver quando a seca aperta, enquanto a família de Fabiano é abandonada à própria sorte. Os bois também recebem uma atenção especial dos meninos que, por se espelharem no pai, talvez vejam a profissão de vaqueiro como seu futuro.
Por isso, desde pequenos, já o imitam na lida com os animais, inclusive quando fazem deles companheiros de brincadeiras. Os animais também apresentam uma função cíclica no filme pois, logo no início, quando estão passando fome por causa da seca, Sinhá Vitória mata o papagaio para alimentar a família, consolando-se com a desculpa que ele não servia para nada.
- Quando a seca volta a assolar a família, é a vez de Baleia morrer.
- A cadela não morre para alimentá-los como o papagaio, mas por estar fraca e talvez agüentar a retirada.
- E, talvez ainda, para não tornar a fuga mais difícil já que era tão próxima a eles.
- Então, Baleia morre para dar esperanças a família e, mais uma vez, Sinhá Vitória se desculpa dizendo para si e para nós que por estar doente, ela não servia mais para nada.
E com essa constante busca pela serventia das coisas, talvez Sinhá Vitória questione a própria serventia deles no mundo. : Nova pagina 5
Qual é o foco narrativo do livro Vidas Secas?
O Foco narrativo, no livro ‘Vidas Secas’ é um dos únicos livros do autor em terceira pessoa verbal com aspecto inovador: a onisciência prismática, ou seja, o leitor entra em contato com a realidade sob o prisma da personagem que está em cena.
Qual o contexto histórico de Vidas Secas?
Resumo sobre Vidas Secas –
Vidas secas é um romance do escritor alagoano Graciliano Ramos. A obra foi publicada pela primeira vez em 1938 e conta a história de uma família de retirantes. A narrativa se passa, possivelmente, durante o início do século XX, no sertão nordestino. O livro é narrado por um narrador onisciente que se vale do ponto de vista dos protagonistas. Vidas secas faz parte da segunda fase do modernismo brasileiro. Essa obra de Graciliano Ramos é caracterizada pelo seu caráter realista e regionalista.
O que representa a cachorra Baleia?
Ironicamente, é a cachorra Baleia o ser mais social, amoroso e pensante da família. A obra mostra o processo de desumanização de Fabiano, e da ascensão Baleia à condição humana. Ela representa a construção mais humana do livro.
O que representou a baleia na obra Vidas Secas?
Personagens Principais –
Fabiano: Vaqueiro bruto e trabalhador que comanda a retirada de sua família durante a época da seca. Tem dificuldades com pensamento lógico e de comunicação, o que faz com que ele tenha medo de que outras pessoas se aproveitem de sua ignorância. Sinhá Vitória: É uma mulher forte, esperta e guerreira, esposa de Fabiano. Não aceita a condição ruim em que eles vivem e sempre sonha com uma situação melhor, com coisas materiais que gostaria de ter. Menino mais velho: É o filho mais velho do casal, que tem muito interesse pelo significado das palavras e que tenta entender como o mundo funciona. Menino mais novo: É o filho mais novo do casal, que quer ser um vaqueiro como o pai. Baleia: É a cachorra da família, que é apresentada de forma mais humanizada do que os próprios humanos da história. Acaba morrendo no final da narrativa, sacrificada por Fabiano porque estava doente. É uma das personagens mais importantes de “Vidas Secas”. Papagaio: Viaja com a família, mas acaba sendo comido quando todos estavam passando fome. Soldado Amarelo: Prende Fabiano quando este arruma uma briga. É uma representação do poder militar. Dono da Fazenda: Representa o poder econômico. Ele se aproveita de Fabiano e de sua ignorância para lucrar em cima dele.
Exercício de fixação FUVEST Leia o trecho para responder ao teste. “Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças.
- A verdade é que não queria afastar-se da fazenda.
- A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela.
- Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido.
- Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se.
Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão.
Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos.” ( Vidas secas, Graciliano Ramos) Assinale a alternativa incorreta: A O trecho pode ser compreendido como suspensão temporária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena “congelada”, que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.
B Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão. C A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.
- D A expressão “coisas alheias” reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica.
- E As referências a “enterro” e “cemitério” radicalizam a caracterização das “vidas secas” do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.
Prepare-se para o Enem com a Quero Bolsa! Receba conteúdos e notícias sobre o exame diretamente no seu e-mail
Qual é o clímax de Vidas Secas?
Desfecho – Após várias tentativas de fuga, no último capítulo de Vidas Secas, intitulado Fuga, o narrador enfatiza que a vida na fazendo se tornara difícil, por isso, a família decidiu abandonar a região. Fabiano salientava que nada o prendia naquela terra seca e que acharia um lugar melhor para morrer.
Entre momentos de otimismo e pessimismo, o vaqueiro caminhava junto a sua família, pensava sobre o soldado, o patrão e a morte da cachorra Baleia. Durante o dia procuram sombra e água para satisfazer suas necessidades. Sinha Vitória rebatia constantemente o pessimismo de seu marido e indagava o porquê de sua família não possuir os bens como o patrão da terra que estavam.
No fim, Fabiano acreditava no sonho de ir para essa nova terra. O livro encerra-se com a seguinte descrição: “Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos”.
Qual é o contexto histórico de Vidas Secas?
A história de Vidas secas está situada, possivelmente, no contexto da República Velha (1889–1930). Nesse período, vigorou a política do café com leite, em que representantes dos estados de Minas Gerais e de São Paulo se revezavam no poder. Nessa época, predominou também o coronelismo.
Qual é o foco narrativo do livro Vidas Secas?
O Foco narrativo, no livro ‘Vidas Secas’ é um dos únicos livros do autor em terceira pessoa verbal com aspecto inovador: a onisciência prismática, ou seja, o leitor entra em contato com a realidade sob o prisma da personagem que está em cena.
Qual é a principal característica da obra de Graciliano Ramos?
Graciliano Ramos – (1892-1953) DADOS BIOGRÁFICOS Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo (AL) no ano de 1892, e morreu no Rio de Janeiro em 1953. Fez seus estudos em Maceió, e não chegou a cursar uma faculdade. Morou por muito tempo em Palmeira dos Índios (AL), onde o pai mantinha um comércio.
- Chegou a ser prefeito da pequena cidade.
- Dedicando-se ao jornalismo e à publicidade, foi revisor de jornais no Rio de Janeiro (“Correio da Manhã”, “A Tarde”) e dirigiu a imprensa e a instrução do estado de Alagoas de 1930 a 1936, sempre se mostrando preocupado com os problemas de ensino no Brasil.
- Foi preso em 1936, sob a suspeita de ter ligações com o Partido Comunista Brasileiro, passando por várias humilhações dentro dos vários presídios por onde passou.
Solto, filiou-se em 1945 ao Comunismo, viajando por vários países socialistas. Veio a morrer de câncer na capital carioca no início dos anos 50, já consagrado como romancista. CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS Destacando-se como o principal romancista da segunda fase do Modernismo ao lado de José Lins do Rego, Graciliano Ramos tornou sua obra mais uma vertente de nosso rico romance regionalista.
- Com um estilo seco, conciso e sintético, o autor deixa de lado o sentimentalismo a favor de uma objetividade e clareza.
- Seus textos carecem de adjetivos, numa economia vocabular que dá ênfase aos nomes e prestigia a mensagem direta, sem rodeios.
- Assim como José Lins do Rego, Graciliano vai descrever os tipos e as paisagens do nordeste, mas enfocando os problemas que ali se encontram.
Seus melhores romances, como São Bernardo, Angústia e Vidas Secas, mostram um perfil psicológico e sócio-político que nos incita a uma visão crítica dos rumos que a sociedade moderna toma. A análise psicológica que o autor faz de seus personagens parte do regional para o universal, mostrando o homem comum que convive com classes superiores e autoritárias que, ao invés de amenizarem, aumentam seus problemas.
- É o herói problemático, que não aceita o mundo que o reprime e acaba por não aceitar a si mesmo, numa briga interna que só compete com a opressão e a dor da realidade castigante.
- O nordeste com todo o seu drama social é o palco desse conflito: a seca que muitas vezes leva ao êxodo forçado, a desigualdade social alarmante, o coronelismo, a fatalidade e a eterna guerra contra a hostilidade e a dureza da natureza, contrastando com o mundo psicológico de cada personagem, que às vezes se mostra sonhador e utópico, e às vezes se mostra mais seco e ríspido que o próprio cenário nordestino.
Graciliano Ramos escreveu ainda um romance autobiográfico que contem certos elementos ficcionais: Memórias do Cárcere, onde há a descrição de toda a violência que o autor passou enquanto esteve preso, denunciando o autoritarismo pregado pelo Estado Novo.
principais obras Romance Caetés (1933); São Bernardo (1934); Angústia (1936); Vidas Secas (1938); Brandão Entre o Mar e o Amor em colaboração com Jorge Amado, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz e Aníbal Machado (1942); Histórias de Alexandre (1944); Infância (1945); Dois Dedos (1945); Histórias Incompletas (1946); Insônia (1947); 7 Histórias Verdadeiras (1951); Memórias do Cárcere (1953); Viagem (1953); Pequena História da República (1960); Histórias Agrestes (1960); Viventes de Alagoas (1962); Alexandre e Outros Heróis (1962); Linhas Tortas (1962).
Resumos Antologia
Como Vidas Secas retrata a fome?
A fome, no Brasil de hoje, tornou-se um crime aos olhos de parte do poder judiciário. Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.
- Maria Carolina de Jesus) Em 1938, o escritor alagoano Graciliano Ramos publicou o romance “Vidas Secas”, o qual narrava a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos, obrigada a se deslocar de sua terra natal para fugir da seca e da fome.
- Em dado momento da trama, Fabiano, o patriarca da família, chegou a ser preso, inclusive.
Todos viviam em condições sub-humanas, chegando a serem comparados (e a comparar-se) a animais. Quase 90 anos passaram da publicação deste clássico da literatura brasileira, e hoje estamos vendo a história se repetir na vida real. Pulamos para o ano de 2021: o Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou algumas pessoas que, por estarem em situação de rua na cidade de Uruguaiana, furtaram lixo (isso mesmo, restos de comida) presentes no setor de descartes de um supermercado.
Segundo o órgão ministerial, tais pessoas cometeram furto. O magistrado absolveu-os, obviamente. Não satisfeito com a absolvição, o parquet recorreu da decisão, acreditando que tais pessoas eram criminosas, ao invés das vítimas, por estarem revirando lixo para saciar a fome. A fome, no Brasil de hoje, tornou-se um crime aos olhos de parte do poder judiciário.
Um mês atrás, a história se repetiu. Dessa vez, em São Paulo. Uma mãe de cinco filhos furtou coca-cola, miojo e suco em pó num supermercado na Vila Mariana, em São Paulo, por não ter o que “dar de comer” para os seus filhos. A justiça, que além de cega também desconhece a realidade do povo brasileiro, negou a liberdade provisória da acusada, com anuência do Ministério Público.
Após recurso interposto pela Defensoria Pública, o TJSP manteve a decisão de prisão. O caso precisou chegar até o STJ para que a acusada conseguisse um Habeas Corpus. Tais fatos vêm se tornando cada vez mais frequentes no país. Após a implantação de inúmeras políticas públicas de combate à pobreza desde 2003 até meados de 2016, o Brasil vinha diminuindo consideravelmente o número de pessoas em extrema pobreza.
Em 2014, o Brasil deixou o Mapa da Fome após o amplo alcance do Programa Bolsa Família, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baseado em dados de 2001 a 2017. O referido estudo mostrou que, no decorrer de 15 anos, o Programa reduziu a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%.
Porém, desde 2018 o Brasil voltou a ter o “monstro” da fome se alastrando perante boa parte da população, após o desmonte e o sucateamento de políticas públicas destinadas ao combate à pobreza e à garantia do emprego e da renda dos mais vulneráveis. Desde o início da pandemia, a situação piorou. Atualmente, cerca de 9% dos brasileiros está em situação de extrema pobreza, o que significa a quantidade aproximada de 19 milhões de pessoas.
Esse número é resultado do sucateamento dos empregos formais e, pior, do alto índice de desemprego desde o início da pandemia; além da inflação em alta e do descaso do atual governo com programas de combate à fome. O geógrafo e médico pernambucano Josué de Castro, dizia, há quase cem anos, que a fome é um flagelo fabricado pelos homens contra outros homens.
- Essa é uma questão de política social e não de escassez de alimentos ou de fenômenos naturais.
- E qual o papel do Judiciário diante desse cenário? Denunciar pessoas que estão em situação de extrema pobreza, a ponto de furtar para comer? Não seria a fome o maior de todos os crimes? Este é um artigo de opinião.
A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato Pernambuco, Edição: Vanessa Gonzaga